O nome da modelo Ana Paula Minerato está no centro de uma grande polêmica após o vazamento de áudios, atribuídos a ela, com declarações racistas contra a cantora Ananda, integrante do grupo Melanina Carioca. O caso veio à tona na madrugada de segunda-feira (25/11), provocando uma onda de indignação e consequências imediatas para Minerato.
Nos áudios, supostamente gravados em setembro, a voz que seria de Minerato se refere à artista com termos depreciativos, como “neguinha” e “cabelo duro”. A conversa ocorreu durante uma ligação com o rapper Kt Gomez, ex-namorado da modelo, e questionava o envolvimento dele com Ananda. “Você gosta de mina de cabelo duro, de neguinha? Porque isso aí é neguinha, né. Alguém ali, o pai ou a mãe, veio da África”, diz a gravação.
Com a divulgação dos áudios, Minerato foi desligada de importantes compromissos profissionais. A Gaviões da Fiel, escola de samba onde ela atuava como musa, emitiu uma nota repudiando as falas atribuídas à modelo e confirmando seu afastamento. A diretoria reforçou o compromisso da agremiação no combate ao racismo e afirmou que atitudes discriminatórias são incompatíveis com os valores da escola.
A Band, emissora para a qual Minerato trabalhava desde 2015, também encerrou seu contrato. Em comunicado oficial, a empresa declarou que repudia veementemente qualquer forma de racismo e que as declarações, mesmo pessoais, não condizem com os valores da emissora. Minerato era apresentadora de um programa diário na Band FM.
Ana Paula Minerato: Posicionamentos públicos
O rapper Kt Gomez, envolvido diretamente no caso, usou suas redes sociais para rebater críticas. Ele esclareceu que grava todas as conversas telefônicas por orientação de seu advogado, devido a um processo de violência doméstica movido pela modelo. Ele também negou ter vazado os áudios para autopromoção.
O grupo Melanina Carioca, do qual Ananda faz parte, emitiu uma nota oficial repudiando as declarações e classificando o episódio como um reflexo da discriminação enfrentada pela população negra no Brasil. A cantora, por sua vez, agradeceu o apoio recebido nas redes sociais e afirmou que o caso reforça a importância de discutir a pauta racial.
Já Tati Minerato, irmã de Ana Paula, usou as redes sociais para se desvincular do ocorrido. Ela declarou ser contra qualquer forma de racismo e lamentou profundamente as acusações contra a irmã. Tati e Ana Paula possuem uma relação distante desde 2019, o que ela reforçou em seu posicionamento.
Além das consequências profissionais, a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania de São Paulo abriu um procedimento administrativo para apurar o caso. A investigação foi iniciada pela Ouvidoria da Coordenadoria de Políticas para a População Negra, que notificará os envolvidos, garantindo o direito à defesa.
Minerato ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas declarou ao portal “UOL” que está “péssima” com a repercussão.
O episódio ocorre poucos dias após o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, data dedicada à luta contra o racismo e à celebração da cultura negra no Brasil. O grupo Melanina Carioca, que lançou recentemente uma música exaltando a negritude, destacou a ironia de ter sua arte atacada em um momento de conscientização.
O caso reacende debates sobre o racismo estrutural no país, evidenciando como atitudes discriminatórias permanecem enraizadas em diferentes camadas da sociedade. O impacto das declarações atribuídas à modelo já gerou consequências significativas, mas o desenrolar do caso ainda depende de apurações legais e novos posicionamentos das partes envolvidas.
Djenifer Henz – Supervisionada por Marcelo de Assis