Fãs do manguebeat podem se animar, uma biografia inédita do eterno Chico Science acaba de entrar em pré-venda. “Criança de Domingo”, escrita pelo jornalista paraibano José Teles, promete ser muito mais do que apenas uma recontagem da história de Chico, prometendo ser um marco no estudo do manguebeat ao mergulhar no gênero. O livro chega nas livrarias dia 10 de Novembro, pela editora Belas Letras.
Teles torna o seu relato sobre Chico Science uma experiência íntima para o leitor, com uma pesquisa minuciosa em jornais e em arquivos e com depoimentos e entrevistas inéditas com amigos, familiares e colaboradores do cantor.
Como se não bastasse, o próprio jornalista consegue inserir sua intimidade com Science ao relatar suas experiências pessoais com o cantor e contar como foi testemunhar os bastidores da gravação dos álbuns que iriam definir o ritmo do manguebeat.
O livro mostra como Chico foi moldado na sociedade na qual ele vivia, como a sua fascinação com o mangue e com o caos da cidade levaram o garoto a misturar os ritmos tradicionais de sua terra com a modernidade dos ritmos mainstream. A obra não se limita somente a Chico, como também explora a cena do manguebeat da época, explorando os estúdios de gravação e os palcos para explicar como o cenário musical foi mudado pelo ritmo.
A biografia também explora as dificuldades enfrentadas por Chico Science e a Nação Zumbi, desde a falta de apoio da indústria fonográfica às pesadas críticas e expectativas da mídia. Teles também revela detalhes inéditos do fatídico acidente que tirou a vida de Chico, como a falha do Cinto do Fiat Uno de sua irmã, e o processo judicial movido pela família contra a Fiat.
O livro “Criança Domingo” está disponível também em uma edição especial limitada. Essa edição traz o livro em capa dura, inclui um adesivo, um imã de geladeira e um marcador de páginas como brindes, e tem como o seu grande atrativo uma ecobag em TNT e uma réplica do Manifesto Caranguejos com Cérebro, texto escrito pelo vocalista da banda Mundo Livre S/A, que abriu o caminho para o movimento Manguebeat.
Chico Science: O cidadão do mundo que mudou o Brasil
Nascido Francisco de Assis França, o garoto que um dia iria se tornar a figura chave do movimento Mangue desenvolveu cedo o seu pensamento crítico que seria aspecto chave de seu liricismo. Nascido durante o início da ditadura, e o ambiente periférico no qual passou sua infância, Chico desenvolveu rapidamente o seu gosto pela poesia social.
Antes de conceber o movimento Mangue, Science já havia sido vocalista de três outras bandas, mas foi somente ao conhecer Gilmar Bola 8, que o apresentou ao espaço cultural Daruê Malungo, na cidade de Olinda, que o cantor começou a mudar o cenário de sua cidade. Lá ele conheceu o grupo de afrorragea Lamento Negro, com qual ensaiva e trocava ideias que resultariam no Mangue. Foi dessa troca de conhecimentos que surgiu Chico Science e a Nação Zumbi.
Demorou pouco tempo para outros artistas locais tomarem interesse e aderirem à proposta de Chico. Logo, Fred 04 escreveu o manifesto que fundou o manguebeat, de Chico Science tomou a liderança do movimento. O Mangue se tornou tão relevante para a cidade que ele não se reservou apenas a música, artistas plásticos, cineastas e designers se inspiraram no movimento para realizarem as suas obras.
Os ideias do Mangue se espalharam por todo o país, e logo os mais diversos artistas começaram a misturar a cultura tradicional de suas terras a arte pop que envolvia a nação e o mundo.
No dia 2 de Fevereiro de 1997, no limite exato entre as cidades do Recife e de Olinda, Chico se envolve em um acidente de carro e perde sua vida. Uma perda imensurável para a música brasileira, Chico Science deixa um legado como alguém que desafiou o que poderia ter sucesso em uma sociedade confusa e injusta.