A cantora e compositora Jana Andrade, lança nesta sexta-feira (30) seu primeiro álbum, Transparente. Vida, obra, realidade e ficção se misturam no trabalho da artista, que é como uma janela através da qual se vê sua alma – ou como uma tela de cinema ou TV. O disco já está disponível nas plataformas digitais.
Não que sua produção seja autobiográfica: é que as músicas contam histórias que poderiam acontecer com qualquer um – inclusive ela. Seus personagens, inspirados na observação do cotidiano, a convivência com amigos e familiares, retratam a aventura da existência.
Vistas em conjunto, elas sugerem, não propositalmente, uma espécie de roteiro que reflete a própria trajetória de Jana Andrade – o deslumbramento, a decepção e a redenção. Como começo, meio e fim de uma narrativa de superação em um filme motivacional. Uma “jornada da heroína”, se preferirem: um trajeto de aprendizado e transformação.
Jana Andrade: as canções que compõe ‘Transparente’
As canções do disco surgiram como exercícios de composição, que foram tão bem executados, que ganharam vida, cor e som. Isso fica evidente pelo passeio vertiginoso que Jana Andrade faz por diversos gêneros e narrativas, que, embora sejam diferentes, formam um mosaico coerente, como um caleidoscópio.
“Elas podem ser relacionadas de diversas maneiras, e todas elas, de fato, desembocam em algum lugar seja do meu interior, seja da minha visão de mundo”, teoriza Jana Andrade. “A história do álbum é: uma pessoa sofreu uma coisa, ficou muito mal por isso, se perdeu no caminho começou a se reencontrar, se descobrir uma nova pessoa, e encontrou um novo amor”, resume.
“Eu sou um ser humano como qualquer outro, e comigo não foi diferente”, compara Jana Andrade. “Essa linha de fatos conta muito sobre a minha história com a minha carreira. Eu passei por situações que não me cabiam, não eram pra mim, e tentei me encaixar naquilo. Fiquei mal por isso, me redescobri depois, e hoje encontro e luto por esse novo amor que é a minha vivência e história com a música”.
Assim, temos um arco narrativo meio abstrato, descrito pela ordem de lançamento das músicas. O primeiro single, Você não, é associado à “causa da dor”, a premissa da história. Em ritmo de bossa nova, fala sobre uma separação.
As próximas três músicas, Tela Quebrada, Ontem juliana e Ô sarna, foram lançadas como um EP intitulado Turva, e descrevem o momento do fundo do poço após essa separação, em forma de blues, soul e rock. Enquanto a primeira é pura sofrência, a última já mostra um personagem aprendendo a sublimar a dor com deboche. Vem, o single mais recente, já aponta para uma certa leveza, com a história de um romance platônico trabalhado no R&B.
As duas últimas músicas, que fecham o disco e chegam junto com o lançamento do álbum completo, são Meu nim, um forrozim gostosim que ela fez para conquistar o marido, e Transparente, uma canção estilo worship cujo objeto de adoração é a própria pessoa que se encontra após toda essa jornada: nossa heroína, protagonista e autora, enfim nos braços de si mesma e da música que, perto ou distante, esteve sempre dentro do coração.