Quincy Jones foi uma poderosa força criativa na indústria musical. De seus arranjos para o jazz, onde ele mostrou seu talento inigualável para compor, o produtor, que nos deixou neste domingo (3) aos 91 anos, pavimentou o caminho para músicos que seriam proeminentes em suas áreas de atuação, fossem revelados.
Os primeiros movimentos de Quincy Jones na música se deram com sua aliança com um jovem nascido na Georgia, que se tornou seu grande companheiro musical: o cantor e pianista Ray Charles (1930-2004). Eles começaram a tocar em bailes e festas de casamento nos anos 1940. Na década seguinte, Quincy surpreendeu grandes nomes do jazz com os seus arranjos inovadores.
Em suas mãos, foram escritas verdadeiras obras primas para artistas como Sarah Vaughan, Duke Ellington e Count Basie, além de ser diretor musical do icônico trompetista Dizzy Gillespie.
A experiência de Quincy Jones no mundo do jazz foi fortalecida depois que ele assinou um contrato com o selo Barclay, que era distribuído na época pela Mercury Records. Com o novo acordo, ele viajou por toda a Europa com várias orquestras de jazz, até formar sua própria big band. Naquele momento, ele começou a chamar a atenção de Hollywood e não demorou muito para que ele migrasse para Los Angeles e iniciasse um novo desafio para a sua carreira: desenvolver trilhas sonoras.
Naquele momento, a carreira Quincy Jones dava passos largos na composição para filmes, conquistando o mercado do cinema e obtendo grandes êxitos para obras como In Cold Blood, In The Heat of the Night, Cactus Flower, The Getaway, A Cor Púrpura, entre outros. Seus arranjos continuaram a ser cobiçados nos anos 1960 por nomes como Miles Davis, Ella Fitzgerald, Dinah Washington e Frank Sinatra – este, com quem criou uma sólida parceria.
Nos anos 1970, Quincy Jones continuou ampliando seus horizontes musicais trabalhando como produtor de outros grandes nomes da música, como o duo The Brothers Johnson, Ray Brown, Aretha Franklin, Donny Hathaway, Billy Preston, entre outros.
Relembrando os inúmeros problemas em sua infância, o seu interesse pela música surgiu depois que ele e alguns amigos encontraram um piano em um centro comunitário, onde entraram escondidos. Em sua autobiografia, Quincy Jones explicou como aquele momento mudou sua vida e sua relação mais profunda com a música.
“A música era a única coisa que eu podia controlar. Era o único mundoque me oferecia liberdade. Eu não precisava procurar por respostas. As respostas estavam ali, não mais longe do que o bocal do meu trompete e das minhas partituras rabiscadas a lápis. A música me tornava completo, forte, popular e autosuficiente”, escreveu Quincy.
Quincy Jones tinha um profundo apreço pela música brasileira. Em seu álbum Big Band Bossa Nova, lançado em 1962 pela Mercury, o produtor reuniu os músicos Roland Kirk (flauta), Lalo Schifrin (piano), Chris White (baixo), Jerome Richards (flautista auto) e Rudy Collins (bateria) para criar um clássico da música mundial o qual levou apenas 20 minutos para desenvolver a composição. Além disso, Quincy chegou a desfilar na Portela em 2006 quando o enredo da escola era: “Brasil, marca a tua cara e mostra para o mundo”.
Quincy Jones e Michael Jackson: uma das grandes parcerias da música em todos os tempos
Em 1979, Quincy Jones formou uma das parcerias mais bem sucedidas da história da música ao se tornar produtor de Michael Jackson no álbum Off The Wall, que, definitivamente, mostrou quem seria o Rei do Pop dali em diante. Três anos depois, chegava Thriller, que se tornou o álbum mais vendido da história, hoje com mais de 130 milhões de cópias vendidas em todo o planeta.
Em 1985, Quincy protagonizou um dos momentos mais importantes da indústria musical, quando reuniu 45 artistas norte-americanos, todos no auge de suas carreiras, nos lendários estúdios da A&M Records, em Los Angeles (EUA) para gravar o clássico We Are The World, onde a renda do single seria revertida para o auxilio daqueles que sofriam com a fome na África.
“Deixe seu ego do outro lado da porta” foi uma frase que Quincy solicitou a um de seus colaboradores que fosse fixada para todos os artistas que entrassem nos estúdios da A&M para uma causa humanitária de extrema importância.
Analisando todos os artistas os quais ele trabalhou durante os seus mais de 60 anos de carreira, Quincy Jones resumiu o seu entusiasmo com a música, onde ele deu um novo sentido ao pop, em uma frase: “Você só vive 26 mil dias. Vou usar todos eles”.